Por uma escola ativa

Para que serve a Educação Física? Respostas a essa pergunta não são difíceis de achar. A começar pela promoção da saúde, talvez a primeira razão que venha à cabeça da maioria. Afinal, não só a prática de atividades físicas reduz o risco de doenças associadas ao sedentarismo, como a promoção de uma rotina ativa durante a fase escolar ainda é a melhor forma de estimular estilos de vida saudáveis na fase adulta.

Aos benefícios à saúde, poder-se-iam acrescentar, também, relações positivas que a Neurociência tem encontrado entre a prática de atividades físicas, as funções cognitivas e o desempenho escolar, ou a visão de que práticas corporais fazem parte de um patrimônio cultural que cabe à escola apresentar ao aluno.

Ainda são poucas as escolas no Brasil, porém, que fundamentam sua oferta de Educação Física pelo conceito de “Escola Ativa”. O conceito é tema de pesquisa conduzida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que assim o definem: espaço “voltado ao desenvolvimento humano, entendido como processo de ampliação das capacidades e consequentemente das possibilidades de escolha das pessoas”. No contexto de uma escola ativa, a Educação Física não é vista apenas como um meio de promover saúde ou habilidades cognitivas, mas também como um fim em si mesma, porque o mover-se corporalmente da criança é, em si, um ato de conhecimento, um exercício que lhe revela o que ela é capaz de fazer no mundo e com o mundo. Uma expansão de suas possibilidades.

A partir de análise quantitativa abrangendo quase 120 mil escolas, especialistas do PNUD e do Inep identificaram as bases materiais (infraestrutura, recursos humanos, etc.) e imateriais (política pedagógica, currículo, etc.) de uma escola ativa, listadas em um Caderno de Desenvolvimento Humano sobre Escolas Ativas no Brasil, de 2016. Um documento que tem servido de parâmetro para o professor e coordenador do programa Sabin+Esportes&Cultura, Paulo Rogério Vieira, avaliar o trabalho do Sabin em relação ao tema. Ele tem se mostrado satisfeito.

“Estamos alinhados com quase tudo que eles consideram pré-requisitos de uma escola ativa”, diz Paulo. “Por exemplo, explicitar um compromisso com o aprendizado de práticas corporais e advogar a favor delas tanto dentro como fora do currículo. Nós temos Esportes e Cultura como um dos eixos fundamentais de nossa proposta, e o Sabin+Esportes&Cultura é todo extracurricular”.

O professor cita também a presença de estrutura física, materiais didáticos e recursos humanos suficientes e com formação adequada – inegáveis no Sabin –, além do estabelecimento de metas e avaliações regulares sobre o ensino das práticas corporais. “Do Maternal ao Médio, trabalhamos com base em expectativas de aprendizagem, que são avaliadas ao longo de todo o processo”.

Também relevante é a oferta de oportunidades diversificadas, que fomentem a autonomia e a liberdade de escolha dos alunos em seu envolvimento com as atividades físicas – algo evidente não só nas 11 modalidades esportivas do Sabin+Esportes&Cultura como nas aulas regulares de Educação Física, que vêm abrindo espaço para esportes menos tradicionais, como o badminton, o frisbee ou o taco.

“No Sabin, como em uma escola ativa, o esporte não é tratado como atividade que por acaso acontece dentro da escola; é disciplina com saberes próprios, necessária para a promoção da autonomia e do desenvolvimento integral dos alunos”, diz Paulo.

Compartilhe