Os fundamentos do esporte

Como se dá a primeira aproximação das crianças com o mundo dos esportes.

No Brasil, 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos apresentam excesso de peso*. O número revela um problema cuja causa vai além da (má) qualidade da alimentação infantil. Diz respeito também a uma vida cada vez mais sedentária, cujos efeitos diretos podem ser sentidos já nos primeiros anos de escola, pelos professores de Educação Física. Conteúdos e abordagem da disciplina, assim, são decisivos não apenas para promover a atividade física como um hábito de vida, mas também para dar conta de uma geração que não chega às quadras e piscinas com a mesma desenvoltura das anteriores.

“As crianças hoje têm pouca oportunidade de praticar atividades físicas fora da escola”, diz o professor de Educação Física Marcelo Eduardo Nunes. “Que o Sabin proporcione isso, inserindo o aluno cedo no mundo do esporte, fazendo com que conheça várias modalidades, contribui para que ele tenha uma vida ativa, com mais qualidade, no futuro”.

Apresentar diversas modalidades primeiro para só depois oferecer a opção de especialização em algum esporte é a base do curso de Iniciação Esportiva, do Programa Sabin+Esportes&Cultura, mas também informa o plano pedagógico das aulas regulares de Educação Física, desde a Educação Infantil. Como explica Paulo Rogério Vieira, coordenador do Departamento de Esportes do Colégio, no início a ideia é trabalhar menos esportes específicos e mais habilidades motoras, que, mais à frente, se o aluno desejar, podem ser usadas em práticas esportivas.

Assim, em uma aula típica do primeiro ciclo do Ensino Fundamental, podem-se ver crianças exercitando fundamentos como arremesso, recuperação, rebatida, chute, drible (andar quicando a bola no chão) e finta (o drible do futebol). Na Educação Infantil, as habilidades são ainda mais básicas, como andar, correr, rastejar ou pular. “A predominância é no procedimento, no fazer as ações. Só mais tarde, tem-se uma reflexão maior voltada ao resultado nesse ou naquele esporte”, diz Paulo Rogério.

Tal abordagem, argumenta, permite que a primeira aproximação das crianças com a atividade física seja mais lúdica e estimulante. Uma vivência voltada para a descoberta do prazer de se movimentar e de estar em controle sobre o próprio corpo, e não para a competição entre atletas. (Por essa razão, no Sabin, os alunos só participam de campeonatos esportivos a partir do 6o ano; antes disso, o formato de “festival”, que premia a todos pela participação, é mais adequado.) A abordagem respeita, além disso, o ritmo de desenvolvimento motor do aluno. “Não se ensina vôlei para uma criança de 6 anos”, diz o professor Marcelo Eduardo.

Pode parecer simples, mas é cada vez mais necessário. Os professores de Educação Física do Colégio são unânimes ao afirmar que os alunos têm chegado à escola hoje com menor repertório motor. Daniela Nakayama cita exemplos que testemunhou em suas aulas: alunos de 6 anos com dificuldade para manter o equilíbrio sobre uma trave ou mesmo com pouca habilidade ao pular amarelinha ou corda. Reflexo de uma vida sedentária? Talvez. O certo é que o estímulo à atividade física não deve ficar restrito à escola. Por isso, Daniela recomenda aos pais algo simples: “Brinquem mais com seu filho”.

*Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF, 2008-2009), Ministério da Saúde.

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