A escolha de cada um

Programa de eletivas dá aos alunos a chance de construir o próprio caminho formativo.

Em uma tarde de março, um grupo de alunos da 3ª série do Ensino Médio recebia do professor Dalson Graça uma aula introdutória de Cálculo, enquanto, perto dali, o professor Aymar Macedo discorria para outro grupo sobre o desenvolvimento embrionário de animais vertebrados. Um dia antes, naquele mesmo horário, a professora Denise Masson debatia com uma turma os recursos linguísticos de textos de humor, enquanto a professora Rachele Hanania ensinava para outra turma métodos químicos e físicos para análise de aromas.

O ano letivo tinha apenas começado, mas a dinâmica seria repetida nas semanas e nos meses seguintes, e segue acontecendo, de tal forma que, no fim do ano, quando enfrentarem o vestibular, alguns alunos terão acumulado dezenas de horas de aulas extras de Matemática, outros de Física, outros de História, como queiram. Em 2018, uma parte do currículo dos alunos da 3ª série do Sabin está sendo decidida por eles mesmos.

A oportunidade deve-se ao novo programa de disciplinas eletivas do Sabin – uma das novidades implementadas no Ensino Médio neste ano –, que altera a rotina das tardes da 3ª série, antes tomadas pelo Módulo Especial de Aprofundamento. Até o ano passado, as aulas do Módulo iam das 14h às 17h15, às segundas, terças, quintas e sextas (e, para algumas turmas, também aos sábados). A partir deste ano, porém, o Módulo vai até 15h30, e no resto da tarde o Sabin passa a oferecer cursos sobre temas diversos, como o Romantismo na Literatura, a formação e o ciclo de vida das estrelas ou o estudo de casos clínicos de patologias.

Estruturado em temporadas de cerca de um mês, o programa oferece oito opções de eletivas por temporada, das quais os alunos podem cursar até quatro, uma a cada dia da semana (as tardes de quarta-feira continuam reservadas às aulas-tema, abertas a todo o Ensino Médio). Como a previsão do Colégio é de oito temporadas no ano, é possível que um aluno complemente sua formação regular com até 32 cursos extras de sua escolha.

Segundo a coordenadora do Ensino Médio, Áurea Bazzi, o programa de eletivas é, em parte, uma estratégia para reforçar o preparo dos concluintes para o vestibular. Por um lado, a revisão dos conteúdos das principais disciplinas continua ocorrendo nas aulas regulares e no Módulo Especial de Aprofundamento. Mas, agora, caso queiram, os alunos têm também a chance de estudar assuntos de nível até mais avançado do que o que se espera deles
neste momento. “Cálculo, por exemplo, é disciplina de Ensino Superior, mas cuja base exige conhecimentos de Geometria, uma série de funções e algoritmos que caem no vestibular”, diz Áurea.

Giselle Magnossão, diretora pedagógica do Sabin, complementa a fala da coordenadora: “As eletivas envolvem vários componentes curriculares, mas aplicados a outros contextos, pouco trabalhados em sala de aula. Para além da formação comum que todos recebem, as eletivas serão espaço de exploração de outros conteúdos e outras práticas, à escolha de cada um”.

É esse, de fato – a escolha de cada um –, o principal motivador da criação das eletivas. “Queremos reforçar a autonomia dos alunos”, diz Áurea. “O Sabin sempre vai oferecer espaços e apoio individualizado para que o aluno faça o seu caminho: vá mais fundo na área que quiser, revise o que achar necessário revisar, estude quando e no ritmo que achar melhor estudar”.

Aliás, o programa de eletivas não é a única novidade que o Ensino Médio implementou em 2018 que poderá contribuir para o desenvolvimento individual de cada aluno.

Psicóloga especializada em Neuropsicologia, Gisele Calia é a nova Orientadora Educacional do Ensino Médio do Sabin. Com experiência tanto na área clínica como em escolas, Gisele foi contratada no início do ano para trazer o olhar da Neuropsicologia no apoio do Colégio ao caminhar dos alunos. Trata-se de ramo recente da Ciência, surgido com o desenvolvimento de tecnologias de imagem que permitem enxergar o cérebro em funcionamento. Como explica Gisele, “a Neuropsicologia causou uma revolução no campo da aprendizagem, por nos fazer entender melhor como se dá o processamento da informação e da memória no cérebro, e também os transtornos de aprendizagem, como o déficit de atenção, a discalculia, a dislexia, etc.”

A chegada de Gisele ao Colégio faz parte de uma reestruturação na coordenação do Ensino Médio. Agora, a coordenadora Áurea Bazzi passa a ser auxiliada pelo assessor de Ciências Leandro Holanda no que diz respeito a demandas coletivas do Médio – orientando sobre vestibulares ou participação em Olimpíadas Acadêmicas, por exemplo –, enquanto Gisele Calia pode ajudar os alunos de maneira mais individualizada, uma vez que, assim prova a neurociência, cada um aprende de um jeito diferente.

“Meu papel como orientadora não se resume a mediar questões disciplinares ou atitudinais”, diz a neuropsicóloga. “É entender o aluno – por exemplo, se ele demonstra tendência ao autoengano, se tem um perfil mais visual (que depende de recursos imagéticos para fixar novas informações) ou mais cinestésico (que demanda aplicações práticas da teoria), se está sendo afetado por algum tipo de transtorno – para sugerir medidas que otimizem sua
aprendizagem”. E, além de promover bons hábitos de estudo entre os alunos, Gisele pode ajudar também os professores a desenvolver boas práticas de ensino, assim como as famílias a dar o apoio necessário aos seus filhos.

Como resume a diretora Giselle Magnossão, “tanto a nova estrutura do Ensino Médio como o programa de eletivas são investimentos na promoção da autorregulação dos alunos”. Instrumentos que ajudam cada um a pensar e a decidir por conta própria: “O que quero fazer? O que preciso para fazer isso? E como posso melhorar?”.

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