Competências à mostra

Mostra Cultural evidencia como, por meio de diferentes conteúdos, os alunos consolidam competências essenciais ao longo da vida escolar.

Talvez alguns pais se identifiquem. Você tem filhos em idade escolar, quer manter-se informado sobre o que eles estão aprendendo, demonstrar interesse, conversar sobre a última aula que tiveram de Matemática, ou de Ciências, ou de História. Mas, então, percebe que já não se lembra do que significam, exatamente, as siglas MMC e MDC. É incapaz de citar mais do que dois ou três biomas, ou apontar no globo onde haveria taigas, tundras, estepes. Não consegue dizer o nome de nenhum dos representantes de certa escola artística, as obras que criaram ou como foram influenciados por sua época. De repente, você se pergunta para que, mesmo, seus filhos estão estudando tudo aquilo.

Se havia pais de alunos do Sabin que ainda pensavam assim, é possível que a Mostra Cultural, realizada no sábado, 26 de outubro, tenha ajudado a dissipar a dúvida.

Mais do que expor os conteúdos aprendidos pelos alunos – embora eles estivessem expostos, em grande diversidade –, a mais recente edição da Mostra Cultural foi planejada para jogar luz, principalmente, nas competências trabalhadas por meio desses conteúdos. Competências que, desde dezembro de 2017, são consideradas “direitos de aprendizagem” de todo estudante da Educação Básica no Brasil, definidos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e cuja aplicação para a vida dos filhos nenhum pai ou mãe poderia duvidar.

Não é preciso, afinal, lembrar de todas as lições dos tempos de escola para apreciar como a Matific, plataforma on-line de jogos educativos matemáticos, utilizada no 4º e 5º anos do Sabin, ajuda a construir não só o conhecimento
dos alunos, mas também sua cultura digital. Ou como o estudo de artistas modernistas, como Tarsila do Amaral, enriquece o senso estético e o repertório cultural das turmas de 3º ano.

Segundo Dionéia Menin, coordenadora pedagógica da Educação Infantil e do Fundamental I, as competências gerais definidas pela BNCC sempre foram trabalhadas no dia a dia do Sabin, mesmo que os pais nem sempre percebam como elas estão relacionadas às aulas e atividades dos filhos. “Todo dia estamos falando de reciclagem com eles, ou da diversidade cultural de São Paulo e do País, ou estamos exercitando linguagens variadas…”, diz Dionéia. “E em tudo isso, para além do conteúdo específico das disciplinas, tem um trabalho de ampliação do conhecimento, do pensamento científico, da empatia, da capacidade comunicativa e das demais competências”. O que a coordenadora e sua equipe fizeram na Mostra deste ano foi aproveitar a oportunidade para evidenciar para os pais o que já era claro para elas.

Logo na chegada, um folder entregue ao público trazia na capa a intenção da Mostra: “Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular. Um convite à apreciação”. Distribuídos por todo o ginásio do 4º andar do Prédio
Picasso, os estandes haviam sido organizados de uma forma que induzia os visitantes a explorar o espaço, mas ficando atentos a um detalhe: selos e banners indicariam com quais das competências da BNCC cada trabalho em exposição mais se relacionava (para efeito de simplificação do evento, a equipe optou por compilar as dez competências listadas no documento oficial em seis).

Os visitantes eram informados, por exemplo, que estandes com o selo Autonomia e Responsabilidade trariam trabalhos que buscavam inspirar ações pessoais e coletivas, baseadas em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. Assim, num mesmo canto do ginásio, estavam expostos um trabalho do Pré I com texturas diversas, representativas dos diferentes tipos de revestimento do corpo dos animais; outro, do 2º ano, sobre animais em extinção; um do 1º ano sobre biomas brasileiros; e mais um, do 3º ano, sobre a vida em ambientes extremos, como desertos e geleiras. Todos, em suma, experiências pensadas para avivar nos alunos – e no público – o senso de responsabilidade para com o planeta e sua preservação.

“A ideia foi mostrar para os pais o sentido do nosso projeto pedagógico, tendo como fios condutores as competências que os alunos vão desenvolvendo ao longo das séries”, diz Karla Ramos, assessora de Língua Portuguesa e orientadora educacional.

Segundo Karla, a organização temática de um evento como a Mostra não significa dizer que cada atividade escolar só promove apenas uma das competências esperadas (que, naturalmente, não andam separadas uma da outra). Como exemplo, o trabalho de uma turma de 2º ano, embora tratasse explicitamente de descarte do lixo – suscitando novamente a questão da responsabilidade –, estava marcado com o selo Comunicação e argumentação, que, como explica a assessora, remetia à competência de utilizar diversas linguagens – verbal, verbo-visual, corporal e artística – para expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos.

“Era um painel artístico, confeccionado com material reciclado, como copinhos, tampas, embalagens Tetra Pak, algumas frases de impacto e um convite para que o público interagisse com a instalação, em várias posições”, diz Karla. Ao lado deste, trabalhos do 4º e do 5º anos traziam, respectivamente, livretos de cordel e um cardápio de indicações literárias – mais evidências de como, com conteúdos distintos, os trabalhos expunham uma mesma habilidade dos alunos, a de se comunicar.

“O que mais agradou aos pais foi justamente isso”, diz Dionéia Menin. “A Mostra deixou claro como todas as nossas ações e projetos fazem parte de um todo, como temas diferentes podem levar a reflexões parecidas, promovendo as competências e habilidades necessárias para que o cidadão esteja preparado para lidar com o mundo”, diz a coordenadora.

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